Como uma onda no mar...

Como uma onda no mar...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

DO MESMO SABOR

O que faz você feliz? Perguntinha de propaganda de supermercado... Ou do quê mesmo? Não importa. Mas, afinal, o que faz você feliz? Dia desses (como sempre) conversando sobre assuntos alhures e discutindo a vida alheia veio o papo: o que faz duas pessoas permanecerem juntas? O que faz duas pessoas se unirem a gente sempre imagina... Aquela história da primeira impressão, do tesão, do corpão, enfim, da paixão! Mas e o que faz permanecer junto? E aí que veio a conversa... Já passei muito tempo nesse estado, no estado de permanecer, portanto, sei as minhas razões (ou não sabia de razão alguma e por isso permanecia), mas queria pensar a razão dos outros... E aí, conversa vai e conversa vem... Pimba... Porque a gente gosta do mesmo sabor de sorvete, do mesmo sabor de suco, do mesmo sabor de massa, do mesmo sabor de bala, do mesmo chocolate, do mesmo programa de televisão, do mesmo tipo de filme, do mesmo tipo de diversão e a lista não acaba... É sempre “do mesmo”... E aí (como é de praxe) me botei a pensar, dando tratos à bola! Putz, então foi por isso que deixei de permanecer... Já não tinha mais nada “do mesmo”! hehe (os “hehe” é só para irritar os que se atacam com os “hehe”). Agora sério (como diria meu provecto e sábio pai), será que permanecer junto porque tudo é “do mesmo”, é, mesmo, uma boa? Será que a diferença não torna as coisas mais interessantes? Será que gostar de dois sabores diferentes de sorvete não dá mais oportunidade para a descoberta de novos prazeres? E de novos sabores? Ou será que a permanência se dá pela continuidade do mesmo sabor todo dia do mesmo jeito? Sei lá, acho que a diversidade é sempre mais interessante. Mas pensar assim foi uma evolução na minha vida. Muito já me acomodei naquilo que me parecia seguro, conhecido, tranqüilo, sem me dar conta de que se não tiver emoção, arrepio, surpresa, o seguro/conhecido/tranqüilo, é muito, mas muito chato. Ficaria entediada (ficaria, não, fico entendiada!) sempre com o mesmo sorvete, a mesma massa, a mesma bala, o mesmo programa de TV, a mesma pizza (poxa, imagine o resto da sua vida só dividindo uma pizza muzzarela!). E não estou aqui fazendo apologia à traição, nada disso! A gente pode dividir tudo, sempre com a mesma pessoa, mas ir descobrindo junto sabores diferentes e permitindo que cada um descubra o seu sabor favorito (e que este pode mudar o tempo todo, aleluia!). E aí que vem outra história que acaba corroborando com a minha tese... o diferente é bem legal. Uma amiga resolveu acompanhar outra amiga numa trip fora da sua praia natural. E veja só, acabou descobrindo que pessoas diferentes, que fazem coisas diferentes, que tem idades diferentes, podem acabar descobrindo um jeito diferente de se divertir (juntas!)! E foi assim que uma menina mais “velha”, já com a vida pronta (mas sempre pronta!) descobriu a diversão ao lado de um menino mais “novo” com a vida ainda se aprontando (mas já bem prontinho!). Como é bom se deixar levar pelo novo, pelo desconhecido, pela experimentação, sem se cobrar, sem se censurar, sem se analisar, enfim, sem se julgar. É legal deixar o diferente fazer parte da sua vida, é legal ousar, é legal se permitir (uma coisa meio lulusantiana) para não correr o risco de se arrepender por não tentar. E o que é melhor nessa história toda, você não precisa esperar que isso aconteça numa trip pra Austrália, pra Espanha, pra Portugal, ou mesmo, para Buenos Aires... Se libere e deixa que aconteça em qualquer ligar, em qualquer momento, que aconteça no seu trabalho, na sua escola, no seu bar, ou, até mesmo, na esquina da sua casa! A gente nunca sabe quando o diferente, o instigante, o interessante, o estimulante vai surgir... Pode ser que surja com quem está ao seu lado, pode ser que surja com quem você vê todo o dia, ou mesmo com quem você nunca viu... O que é certo é que para surgir o diferente você deve estar disposto a não deixar que a sua vida seja sempre a mesma, sendo igual. A vida pode até ser sempre a mesma, mas escolha, de vez em quando, uma pizza diferente, porque pode ser uma forma de encontrar a permanência no que é sempre igual, sendo diferente.