Como uma onda no mar...

Como uma onda no mar...

sábado, 25 de setembro de 2010

A SEGUNDA LEVA

Realiza a cena: mulher na casa dos 30, formada, empregada, salário muito bom, casa própria, carro na garagem, cachorro ou gato, bonita e... S O Z I N H A! O papo de mulher independente forjou uma mulher forte, culta, viajada, interessante, bonita de se olhar e boa de conversar. Contudo, essa mulher não encontra um parceiro legal (o que tá havendo com esse macharedo?). e olha que mulher (tá bem, nem todas) não dão bola pra estética, beleza realmente não é tudo no universo feminino (mas calma aí, há de se ter dente na boca... hehe). Alguns guris diriam que o atraente é o dinheiro. E como estão equivocados esses incautos rapazes. A guria da cena ali de cima ganha seu próprio sustento (mas é bom ninguém ficar disfarçando: todo mundo gosta de dinheiro para levar uma vida boa! O boa é que varia de vida para vida). A cena que descrevi, que na verdade nem bem é uma cena, é uma qualificação, não ocorre apenas com uma mulher, mas com varias. São médicas, advogadas, arquitetas, dentistas, juízas que não encontram um cara legal como companheiro. Elas tem mais de vinte, mas o corpo ainda tá com tudo em cima e a cabeça funcionando a mil (deixou de ser um aipim cozido, natural da tenra idade – rsrsrs) e não conseguem engrenar um relacionamento. É certo que boa parte delas já passaram por longos relacionamentos. Algumas casaram, outras noivaram (ai que roubada! Pra que serve o noivado em pleno século XXI?), mas quando voltam para o mercado não obtém sucesso em outro relacionamento duradouro. É assim, para relacionamentos eventuais, chove guri, mas e pra namorar? Parece que chega uma hora em que todos os gurizes interessantes estão comprometidos (noivos, namorando, casados). Outro dia, uma dessas gurias me disse que o que a gente acha que é qualidade, na verdade assusta! Acredita que o macharedo tem medo (do que será?). que os guris arrepiam quando sabem que a guria na frente deles é responsável pela UTI pediátrica de um grande hospital, ou que possui um enorme consultório odontológico em área nobre da cidade, ou que é advogada de grandes empresas, ou é que é juíza, procuradora, promotora. E aí, se afastam amedrontados. Poxa (eu adoro “poxa”, já notaram?), não nos disseram pra ter formação? Pra ter independência e ser independente? Mas confessem, ninguém pensou o efeito rebote. E hoje está sendo difícil para os guris lidarem com gurias com melhor formação, salários mais altos, que não dependem de um gajo para trocar uma lâmpada ou mesmo o pneu do carro. Se tudo isso assusta, incentivaram a carreira e acabaram com a família? Uma das teorias defendidas pelas gurias de 30 é que enquanto a galera estava ajeitando a sua vida sentimental, a mulher de 30 estava na especialização, no mestrado, no doutorado, na residência... e não pensem que não há diversão associada à uma boa formação! Não estamos falando de gurias nerds! Portanto, a conseqüência dessa opção é ter perdido a primeira leva de relacionamentos da idade adulta. Relacionamentos sérios. Conclusão: as gurias de 30 da cena ali de cima vão ter de esperar a segunda leva (os separados, os divorciados, os viúvos... ou até mesmo uma troca de namorada!) – o problema maior será se o escolhido ainda não tiver casado... o tempo de espera vai ser bem maior! :-D. Quando chegar a segunda leva, estejam atentas para não perder o segundo bonde e não esqueçam: independentemente de qualquer coisa, vocês moram com os pais, não estudam, fazem estágio no turno da tarde (pra poder dormir mais, afinal balada todo o dia cansa), só usam o cartão de crédito da mãe (porque vocês não tem conta em banco) e ainda não decidiram o que fazer da vida! Vai que assim a coisa vai?!!

MOAF - Movimento Odeio o Adesivo da Família

Vocês já perceberam a traseira dos carros nos últimos dois meses? Primeiro notei em um, depois em dois... Depois em quase toda a frota! Aí fui visitar o estado vizinho e qual foi a surpresa? A mesma febre: o adesivo da família. No inicio até que é interessante, mas em seguida desperta vários questionamentos... Qual a necessidade de expor para todos (e não somente a quem interessar possa) a conformação de sua família? Que alguém tem outro alguém. Que é sozinho, mas tem um filho, ou que tem três filhos e um cachorro. Ou mesmo que é sozinho! Ou, ainda, é sozinho e tem e tem cinco cachorros e um gato. Vi um carro que o adesivo representava uma mulher com sete cachorros, três gatos r um pássaro! Vejam bem, se ela está sozinha, com tudo isso de bicho em casa (e olha que tenho três cachorros) será que arruma uma companhia? Ok, ok, raciocínio preconceituoso e machista! Ela pode nem querer companhia ou pode achar um menino que goste de bicho tanto quanto ela. E lá vem mais reflexões: pra que tanta exposição? Sei que os sites de relacionamentos também são uma forma de exposição, mas sei lá, as pessoas escolhem o que expor (ou até mesmo fazer parte e não se expor) e quando o fazem, expõem para um grupo de pessoas que também se expõem e que, de alguma forma, foram escolhidas para partilhar da exposição (talvez seja uma doença coletiva, uma doença em massa e de massa!). Com o adesivo da família as pessoas se abrem para o mundo. Os bem ou não tão bem intencionados ficam com o conhecimento acerca do teu núcleo familiar, e não no mundo virtual, mas no mundo real! Logo ali, na traseira do carro da frente. Esse fenômeno social desperta várias reações. Uma amiga, no carro comigo, olhou o carro da frente e disse: acelera que aquele ali é sozinho e tem um cachorro!! Hehe. Olhando por esse ângulo até que pode ser um importante instrumento para fomentar novos relacionamentos e, vejam bem, no mundo real, e não virtuais como no facebook, my space e etc. Agora pensem na coisa se especializando... Os adesivos retratando mais e mais. Já vi um casal de idosos, com coque e bengala (olha só o preconceito), outro um casal de mãos dadas com o símbolo do Inter no peito. Já vi um guri com uma prancha e um cachorro (confesso que me segurei para não acelerar e dar uma conferida :-D), outro com um guri com uma pasta executiva na mão e a guria com um livro e por aí vai... até que ponto devemos ter a vida assim, tão escancarada? Já acho estranho aqueles que colocam o adesivo do bebe a bordo e o nome da criança (será que ninguém pensa em seqüestro relâmpago? De repente sou eu que sou histérica!), mas esse adesivo ultrapassa qualquer medida de privacidade. Devo ser fora de moda, mas esse negócio tira todo o romantismo do transito (se é que é possível isso existir). Adoro andar nas ruas e estradas desse país imaginando o tipo de pessoa que gosta de determinados carros, qual será a profissão, como será a vida (acho que é o meu jeito de atualizar aquela história de cidade pequena que se fica na janela vendo a vida passar). Gosto de ver as famílias e ficar viajando na composição. Gosto de poder olhar um cara bonito e não saber nada da vida dele, não quero saber se ele tem alguém e três filhos por um adesivo na lataria do carro. Poxa, me tiraram o prazer da imaginação. O adesivo da família é chato, é muita exposição, é perigoso e, o pior de tudo, acabou com a minha diversão!!! Ou... Posso me juntar a ele e acelerar na próxima vez que encontrar o carro com o adesivo do guri com a prancha e o cachorrinho!!!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CHEF ARGOMIRO












Certa feita, em viagem por ilha paradisíaca, acompanhada de amigos especiais, visitei um restaurante francês (local insólito e pitoresco). Destaco que, obviamente, não foi na França! O proprietário nos recebeu na porta (do lado de fora!) e falando em francês. Tive a sensação de estar caindo no buraco da Alice. Eu já disse que era o único restaurante aberto numa noite de domingo? Pois, sim! Confesso que cozinho melhor e que o banheiro da minha casa é mais limpinho e ordenado (sem contar a vantagem que eu não cobro o jantar dos amigos!). Contudo, o mais incrível nem é isso, e sim a elevada auto-estima do Chef! O Chef se sentia Chef (deixou claro que não era um cozinheiro! E sei lá, talvez por isso ainda tenha que melhorar muito na cozinha hehe!). Falava em francês, em um francês tão fluente e correto gramaticalmente como o meu (ou seja, o cara não parlava niente!) e mesmo assim ataca os fregueses com a língua da grande Revolução. E “se acha” o cara... e como “se acha”! conheço umas das maiores Chefs do Brasil (essa sim premiada no mundo inteiro e que faz uma comida de comer rezando e agradecendo a Deus pelo privilégio) e sabe o que ela diz quando lhe perguntam a profissão? C O Z I N H E I R A! Aliás, seu jargão é: “quer ser cozinheiro?” meu irmão sempre diz: se a gente “não se acha”, ninguém “acha”. Claro que a auto-estima é importante! A gente fica seguro, tranqüilo, confiante quando está feliz consigo mesmo! É saudável, mas creio que a parceira da auto-estima deveria ser a auto-crítica! Que coisinha que anda faltando no mercado atualmente. Convivo com muita gente, de tudo quanto é idade, atividade, gênero ou religião e tenho observado que as pessoas internalizaram a importância da auto-estima, do amor próprio, da idéia de se valorizar (o que é excelente! Será que os psiquiatras estão atuando muito? hehe). Contudo, pra “se achar” tem que “se puxar” ou a coisa toda perde o sentido. Se não é lá muito bonito, desenvolva o charme, o bom papo; se não gosta de ler, sei lá, se especializa em música; se não gosta de esportes, estuda artes! Mas pelo amor do santo Cristo, se desenvolva, invista em si, você irá se tornar uma pessoa cada vez mais interessante e, assim, não só você mesmo vai “se achar”, mas vários outros irão “achar” você! Ah, quase ia esquecendo: se não sabe cozinhar... Não cozinhe! Pelo menos não cobrando! :-D

VOCÊ TRABALHA?

Outro dia, dia desses, assistindo um desses “enlatados” norte-americanos (ainda se fala desse jeito?) que eu adoro, ouvi uma personagem dizendo: nunca pensei que eu seria uma goodwife... A velha e conhecida caracterização da “Amélia”, aquela que era mulher de verdade! E comecei a refletir (filosofia de qualidade, ein?!) nos rumos que a vida leva. Pensando na fase das escolhas. O que eu quero ser? O que gosto de estudar? Que línguas vou dominar (pra essa última pergunta a resposta vem quase como uma oração: - senhor, faça com que a gente saiba, ao menos, o português!)? do passado olhando para o futuro, vejo que se sonhava várias coisas para o agora que vivemos, eu sonhava. Já havia determinado o marido, os filhos, a carreira. Era fácil, mas a vida surpreende! Em uma inversão cronológica saiu o marido (ou o que era mais próximo disso) e vieram os namorados, as paqueras, os filhos ainda não vieram e a carreira vai de vento em popa! E é exatamente quanto a isso que paira a minha vã filosofia. Sempre desejei ser professora (o histórico familiar foi um grande estímulo), mas nunca pensei que, dentre tudo que eu faço (que não é pouco), o magistério seria a atividade que mais me ocupa. A hora que se passa em sala de aula não é a medida para saber o quanto de tempo, estudo e dedicação se despende para a realização da atividade. Quanto tempo para elaborar uma boa aula? Umas quatro horas? Quanto tempo para elaborar uma boa prova? Umas duas horas? E quantas horas mais para a correção? E não se pode olvidar a tecnologia. Hoje temos que publicar notas na internet (portanto não basta corrigir as provas e devolve-las), fazer chamada on line (depois de já ter feito na modalidade presencial) e, de uma forma ou de outra, nunca sair da frente do aluno (afinal estamos sempre em contato: e-mail, MSN, moodle, facebook, Orkut e o que mais se inventar!) e temos que estar sempre à disposição. Isso é ruim? Não, claro que não, mas cansa. Pra ser professor tem que ter nascido com alma de RP! Com espírito de artista mambembe, daqueles que encaram qualquer tipo de palco e platéia. Gostar de conversar, de conhecer gente nova (e o mais legal, ter a chance de manter a alma sempre nova). Tenho grandes amigos que foram alunos (e, pra dizer a verdade, hoje a gente nem se lembra mais disso). Ocorre que, tudo isso envolve tempo e dedicação. Quase a totalidade dos professores universitários que conheço (ao menos os do Direito), trabalham três turnos direto (diariamente). Além do conhecimento, temos que usar, ainda, outro instrumento: a voz! Bah, pensem só, as vezes ministramos de 8h a 12h seguidas de aula (e ninguém nos ensinou a postar a voz, a poupar cordas vocais, como se faria com um ator de teatro, por exemplo). Haja gogó! Portanto, para cada uma hora de sala de aula, temos quatro horas de estudo (nossa razão é de 1h/4h, em média). Vejam só: para um professor que leciona 8h/aula em um dia, na realidade ele utilizou 32h de seu tempo. Claro, tudo isso sem contar as especializações, os 2 anos de mestrado e, ainda, os quatro anos de doutorado. Quase não existe mais professor, pelo menos no Direito, que não possua mestrado! Logo, todos são extremamente preparados, buscaram a qualificação para atuar no magistério superior (completamente fora de moda o professor contador de causos e sem nenhum conteúdo – esse modelo pode até ser divertido, engraçado, showman, mas não agrega em nada o conhecimento). E tudo bem, vá lá, é raro encontrar professor que não tenha outra atividade! Advogados, juízes, promotores, defensores, procuradores e por aí vai! Afinal, temos que preencher os três turnos de trabalho diário (quem foi o engraçadinho que defendeu essa história de emancipação feminina e me faz trabalhar 15 turnos por semana em 3 cidades diferentes? Brincadeirinha...). Mas poxa, magistério, assim como as outras profissões, exige preparação, muito estudo, dedicação e paixão. Então, só para registro, dá vontade de pular no pescoço quando me perguntam: tu trabalha ou só dá aula???