O que vem em primeiro lugar? Gostar de alguém ou de si mesmo? A resposta de qualquer livro de auto-ajuda (com hífen?) seria gostar de alguém... Desde que fosse você mesmo. Eu acho que vim com defeito no chip “gostar”. Às vezes penso que posso ingressar no AMA, aquele grupo de mulheres que alegam sofrer do mal de amar demais. Mas amar demais é possível? Acredito que seja problema amar demais alguém que não seja você mesma ou, pior, amar demais alguém que não te ama. Mas daí vem a calhar a pergunta: é amor? Voltemos às revistas femininas e a resposta vem clara (nos fazendo sentir completamente inoperantes por não ter descoberto antes) e em bom tom: claro que não é amor. Esse comportamento faz parte é de um projeto grandioso: fazer o amor não dar certo. Adoro amar e, talvez, seja esse o problema. Acho que devo me sentir mais tranqüila e segura amando do que sendo amada. Despachei todos os homens que se apaixonaram por mim e estou sempre enrolada com aqueles que não me querem. As amigas têm sempre uma explicação para a solidão de umas e outras: o número de mulheres é muito maior do que o dos homens, estatisticamente falando e, isso, só levando em consideração a questão de gênero. Se, depois de uma primeira triagem, ainda separarmos os membros do sexo masculino entre hetero dos homo, os números ficarão ainda mais desesperadores. Mas olho para o lado (é, as vezes, as mulheres são curiosas e bem observadoras; sim, isso é uma ironia) e vejo que tá todo mundo acompanhado ou que, pelo menos, tem um bando de gente em pares, mas outros tantos estão sozinhos, entre homens e mulheres bem legais. Me parece que tem algo errado nesse jeito de olhar as coisas. A natureza vai sempre dar um jeito de facilitar as combinações (ou será que eu tô viajando e o certo mesmo é lutar pelo HAREM como instituição mundial pra tentar garantir pelo menos um gajo???). Outras amigas, como é o caso de uma recém casada que virou para outra sem namorado: “como pode você solteira? É magra, é bonita, é independente”. Me botei a pensar: meu Deus quantos defeitos! O que falta ainda a essa pobre mulher? Deve ter algum defeito oculto ainda maior (sim, sim, claro que é outra ironia). E, nesse ponto, voltamos para o amor e o mal do século: não, não e não, o mal do século não é morrer de amor, como em uma maldição werneriana, o mal do século é não ser magra, o mal do século é ser solteira. Solteira e acima do peso? Aí sim, só lhe falta a morte! E aí vem novamente o momento da observação: tem um monte de casal misto (é pra rir!). a miscigenação de hoje em dia não é de raças ou de credos e cultos, é entre gordos e magros, entre bonitos e feios, mas basta uma outra olhadela na ruas para se ver casais que mais parecem ter saído de uma VOGUE estrangeira e outros que a gente olha e pensa: que mistura estranha (o cara é feio e a guria é linda ou vice-versa, se bem que o primeiro exemplo é sempre o mais comum). E depois de tanta volta... Voltamos à pergunta original. Claro que amar a si próprio é muito melhor, mas não dá para esquecer que amar a si mesma inclui grelhados, saladas e nada de doces e álcool. Putz, ficar sem namorado, sem chocolate e sem álcool? Será que não é demais? Claro que não diriam as que estão bem (ou mal) acompanhadas. Portanto, em vez de se atirar do 18º andar, te atira na esteira, no spinning, no transport e sai de lá quase anestesiada. Quase esquecendo que não vai ter ninguém em casa pra tomar um banho contigo ou te ajudar com um alongamento especial para uma relaxada depois da musculação (sim, não basta ser magra, não pode ser mole!). Eu ando apaixonada e faz bastante tempo, mas ele não me quer (e também não me solta). Acho que no fundo eles também são inseguros e talvez seja ainda mais difícil para os guris assumir suas inseguranças do que pra nós. As gurias foram programadas para ser o sexo frágil, mas ao mesmo tempo aprender a trocar pneu, reconhecer o ronco do motor, a trocar a lâmpada, a matar barata (isso não!), a fazer musculação (tem muita guria que faz legpress com muito mais carga que muito garanhão), a instalar o gás, mas se quisermos chorar no cinema, na frente de todo mundo, assistindo ao último filme do Richard Gere (vocês já viram? Vão chorar!) ninguém vai dizer nada, mas muito rapagão saiu correndo para o banheiro depois de “Marley e Eu”, quando a vontade era soluçar no colo da namorada, ou conforme as estatísticas, do namorado. Talvez a magia esteja no balanço e não na balança, esteja no equilíbrio! Sei que também isso não é novidade, mas encontrar prazer na academia também é muito legal (e de repente dá até para encontrar alguém prazeroso também!). Existem saladas ótimas (sem chicória, por favor) e dá até para dispensar o grelhado. Sei que amo e não sou amada, mas não desisti da busca de ser feliz ACOMPANHADA, não me venham com o papo que dá pra ser feliz sozinha! Isso sim é um papo FURADO. Ainda espero (de esperança mesmo) dormir com um boa noite e acordar com um bom dia que não sejam só por torpedos do celular, que sejam bem pertinho, que o dono da voz (e do celular) esteja ao alcance da mão e de um beijo. Enquanto isso gurias, se arrumem pra vocês mesmas, corram, comam muita salada e bebam muita água, mas seria um disparate deixar de brinda o fim do ano com um bom espumante, uma champagne, uma cava, uma asti e um chocolatinho! Viva a arte da compensação, porque no outro dia já vai ser uma segunda-feira.
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